Onde os fracos não tem vez

O título desse texto é também o nome de um filme lançado em 2007 (em inglês “No Country For Old Man”, mas que em português, casou melhor com a proposta do filme) com Javier Bardem, Josh Brolin e Tommy Lee Jones. Na película, havia uma lei da selva de que “apenas os fortes sobrevivem”, um código duro mas compreensível, já que a premissa é de sobrevivência. Essa metáfora pode ser aplicada facilmente na Sociedade Esportiva Palmeiras, afinal, o tempo provou que aqui não é lugar para fracos. Os altos padrões estabelecidos ao longo dos anos, tanto por técnicos quanto por jogadores, dão toda a razão do mundo para que a torcida seja exigente. O Palmeiras é para os fortes e vencedores.

Feita a introdução para o texto, digo sem sombra de dúvidas que o atual técnico, Gilson Kleina, é um dos mais fracos que já passaram pelo Palmeiras. E não foi por falta de tempo e oportunidades. Inclusive, abordamos muito do que ele fez por aqui.

Pessoalmente, não tenho nada a dizer do treinador. Realmente é um cara trabalhador, respeita a instituição e possui o carinho dos jogadores. Mas futebol é baseado em resultados e eles infelizmente não vieram. Se fosse para manter uma pessoa com essas características positivas citadas, provavelmente nosso treinador ainda seria o Caio Júnior, outro treinador bonzinho que buscava um lugar ao sol e possuía características similares ao nosso atual “comandante”, mas igualmente fraco. 

Sem nenhuma credencial anterior (Caio Júnior ainda tinha o trunfo de ter levado o Paraná para a Libertadores) e trazido muito mais na base do desespero em setembro de 2012, a missão inicial de Kleina quando chegou ao Palmeiras realmente foi ingrata: evitar um rebaixamento certo e com peças ruins e descompromissadas em meio ao caos que dominava o Palestra. Não conseguiu. Ninguém o culpou, mas alguns erros já eram bem evidentes, como escalações e substituições sem sentido – especialmente nos 3 jogos que praticamente nos jogaram para o buraco: Jd. Leonor, Coritiba e Nautico. Ainda havia a desculpa de que estava conhecendo o elenco, então foi perdoado.

Com o desastre consumado, o nome para comandar o time do acesso não tinha como ser outro a não ser Gilson Kleina. Já estava na casa e iria comandar todo o processo de reformulação. Diante do cenário de tragédia, o jeito era confiar nele, ainda que houvesse um justo “quê” de desconfiança de uma parcela da torcida.

Mas se lembram da fraqueza citada no início do texto? Ela sempre esteve estampada na testa do Gilson Kleina. Mesmo com a notória falta de opções para a montagem do time no início do ano, o treinador insistia em peças que já tínhamos pleno conhecimento da falta de capacidade e em esquemas táticos que deixavam a defesa exposta e o meio de campo estéril. Em diversos jogos vimos a fraqueza de espírito do time, que aceitava passivamente a pressão de times pequenos – tanto no Paulista, como na Série B. 

Aos trancos e barrancos, Kleina chegou aos seus testes de fogo de 2013: os mata-matas. Por definição, a lei dos mata-matas é a mesma da introdução do texto: “apenas os fortes sobrevivem”. Fortes em campo e, principalmente, fortes de espírito. Foi assim que vencemos a Copa do Brasil do ano passado. 

A falta da centelha vencedora inerente aos grandes comandantes ficou explícita em resultados. Em 4 mata-matas disputados (contando a Sul-Americana de 2012), perdeu todas. Em 3 deles, o Palmeiras tinha a dianteira para o jogo da volta mas se portou de maneira covarde, envergonhando o torcedor que nutria esperança de vencer o campeonato. Em apenas uma perdemos nos pênaltis, mas era jogo único. O mais decepcionante deles foi a decisão contra o CAP. Após vencer por 1 x 0 no Pacaembu, era só jogar o jogo da volta como Palmeiras: intimidar o time mediano, tomar as ações do jogo e fazer valer a vantagem construída. Perdemos por 3 x 0 e com o time encolhido e se portando como fosse a Ponte Preta. Nosso ano acabou de fato ao final de agosto, graças à covardia do time montado por Gilson Kleina.

Alguns podem dizer que o objetivo desse ano era a Série B. Mas o torneio eram favas contadas, bastava olhar para os outros concorrentes para perceber de imediato que ninguém ameaçaria de fato o nosso acesso – tanto que após a eliminação da Copa do Brasil, o time jogou apenas para bater cartão e ainda obteve o acesso para a primeira divisão sem sustos. Ainda assim, conseguimos ver o nosso treinador tomando nós táticos para técnicos do naipe de Geninho, Bob Fernandes e outros estrategistas do ludopédio underground. Lembrem-se, até Jair Picerni conseguiu se sobressair nesse tipo de campeonato. Não foi mérito do Gilson Kleina, mas sim do escudo poderoso que reside no lado esquerdo do peito na camisa alviverde.

A insistência em peças igualmente fracas e que tem a cara da derrota (Juninho, Marcio Araújo e, recentemente, Ananias), a inércia na beira do campo para mudar o panorama de jogos mais difíceis e a manutenção de um esquema tático previsível, que mantém o meio de campo torto, sem liga e desprotegido, irritou até o palmeirense mais paciente. As criticas deixaram de ser brandas e ponderadas, ficaram tão virulentas que hoje beira o bullying e com toda a razão do mundo. Como disse em parágrafos anteriores: o Palmeiras não é para os fracos.

Até as declarações são indignas de quem está no comando do Palmeiras. A entrevista pós-jogo após o empate de ontem contra o Paraná é emblemática: 

- O empate está de bom tamanho, e a equipe mostrou sua grandeza. 

Como assim? Contentarmo-nos com um empate? Se o comandante não tem noção da nossa grandeza, a tendência é virar presas fáceis contra adversários do mesmo nível. Foi assim com adversários menos tradicionais em mata-matas nessa esquecível temporada.

Conclusão.
O Palmeiras de 2013 foi o retrato das deficiências escancaradas do nosso atual treinador. Sem personalidade, titubeante, inerte, sem pegada, sem vontade de aniquilar o inimigo, quase sempre sem vibração e sem confiança no próprio taco. De positivo, apenas a forte ascendência sobre o grupo, que o respeita muito. Mas é pouco.

Um treinador que vislumbra longevidade nessa instituição vencedora precisa ser forte, não apenas entender o Palmeiras, mas ser um verdadeiro líder que conduza o time para as glórias, sabendo a hora de dar a estocada fatal no inimigo, com vontade de vencer, confiante e vibrante. Após tudo o que passamos em 2013, manter o Gilson Kleina para o ano do centenário será um disparate para o torcedor palestrino. 

Gilson Kleina está iniciando sua trajetória e teve seu teste de fogo na carreira nesse ano corrente. Falhou, mas torço pra que ele evolua com êxito no prosseguimento de sua carreira. Parece ser um homem ávido por conhecimento, correto e respeita as instituições que trabalha, mas ainda está verde (e infelizmente veste o nosso verde). Que ele tenha sucesso em suas empreitadas fora daqui.

Mas assim como no filme estrelado por Javier Bardem, aqui no Palmeiras, os fracos não tem vez.

Alguns poderiam dizer que ele estava contemplando vagalumes.
(Foto: divulgação/Lancenet)

Números:
Vitórias - 38
Empates - 21
Derrotas - 19

7 comentários

PERFEITO!!!! Concordo com tudo!!! Já deu... é uma pessoa muito boa, mas não serve para o Palmeiras, não para alcançar todos os objetivos que almejamos!

VAZA!

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Kleina de fato é fraco, mas uma parte do texto me chamou a atenção.

"O Palmeiras de 2013 foi o retrato das deficiências escancaradas do nosso atual treinador. Sem personalidade, titubeante, inerte, sem pegada, sem vontade de aniquilar o inimigo, quase sempre sem vibração e sem confiança no próprio taco. De positivo, apenas a forte ascendência sobre o grupo, que o respeita muito. Mas é pouco"

Qual foi o último técnico que passou por aqui e que teve essas qualidades? Não me lembro de nenhum.

A minha conclusão é que o cenário do futebol no Brasil está ruim, não só no Palmeiras.

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O Kleina para a serie B cumpriu com os objetivos, mas quando jogamos competições de serie A fomos mal demais.

Teimoso e insistiu na escalação do time com 3 atacantes, 1 volante e 2 meias (Valdivia e Wesley). Fomos eliminados (Humilhados) em Curitiba pelo Atlético PR, "Ah mas o Atlético Paranaense tem um bom time" - Me fala um nome consagrado e de seleção daquela merda de patético.

Na libertadores patinamos em todos os jogos fora de casa, perdemos para um time ja eliminado sem demonstrar futebol.

No paulistinha o time não foi capaz de passar pelo Santos, tropeçou em mtos jogos e não fomos capazes de nos classificar entre os 4 primeiros.

Se este ser ficar em 2014 na primeira derrota no paulistinha em casa a torcida já pedirá sua cabeça.

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Se manter esse treinador no centenário, paro de acompanhar o Palmeiras e me desligo do Avanti e seria uma catástrofe com efeito dominó na torcida e rendas pífias e motivos de chacota dos rivais. Oxalá quem decide veja o Palmeiras Gigante e Vencedor senão nossa torcida irá aos frangalhos e crises e protestos será o prato do dia.

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#FicaKleina

1 • Os jogadores gostam dele;
2 • Salário dentro da realidade;
3 • Faz o básico, não adianta grande treinador sem um bom elenco;
4 • Comparando com o Kleina do começo do ano teve grande evolução;
5 • "Saiu da Ponte, mas a Ponte não saiu dele" ????, diziam a mesma coisa do Luxemburgo em relação ao Bragantino;

#ForaKleina

1 • Os jogadores gostam de treinador que eles consigam enrolar;
2 • Ganha muito pelo benefício que agrega (palavra da moda);
3 • Faz apenas o básico, sem um bom elenco precisamos de um treinador mais experiente;
4 • Apesar da evolução, taticamente ainda é fraco,
a) não percebeu que Juninho e Luis Felipe são bons no apoio, mas fracos na marcação e o esquema os prejudica;
b) não percebeu que a zaga fica sobrecarregada com os laterais apoiando e sem primeiro volante; prejudicando os zagueiros principalmente Henrique que falhou diversas vezes;
c) não percebeu que Márcio Araújo não é primeiro volante e o esquema o prejudica;
d) não percebeu que Wesley não sabe jogar pelo lado esquerdo e o esquema o prejudica;
e) não percebeu que Ronny é melhor que Menezes e Serginho melhor que Ananias;
f) não percebeu que é importante jogadas ensaiadas em bolas paradas (principalmente), não as temos ou pelo menos, não as executamos;
g) não consegue mudar o time durante o jogo, ficamos várias vezes presos nas marcações de esquemas primários, com por exemplo no jogo contra o Paraná no Pacaembu, onde o adversário diminuia o campo fazendo uma linha de zagueiros na intermediária;
h) grita pouco e não é um líder no campo, orienta pouco e se abate fácil, é só ver as imagens da TV no jogo contra os mexicanos ele sentado no banco com cara de assustado;
i) não conseguiu em um ano montar um esquema, (pq um esquema de jogo não prejudicaria metade do time com posições erradas em campo);
5 • "É honesto, boa gente e gosta do Palmeiras" ???, não quero ele pra casar com a minha filha, mas para dirigir meu time (como se dizia antigamente);

Pesando os prós e contras, acredito que deveriam agradecer pelos bons serviços prestados e deixar as portas abertas a um retorno próximo quando estiver mais experiente. E se isso não acontecer é por pura falta de opção no mercado. Os treinadores consagrados andaram falhando apesar de seus altos salários e apostar em novatos gera desconfiança e falta de paciência na torcida.

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Perfeita análise... acho que conseguiu explicar o que tento a dias HAHAHAHAH

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