Um ano de Gilson Kleina e sua radiografia

Gilson Kleina, o presuntinho do Palestra.
Fernando Dantas/Gazeta Press

E o atual treinador – se é que podemos o chamar assim – do Palmeiras completou 1 ano de comando nessa quinta-feira. Como ele é o atual comandante, cabe fazer uma análise sobre o período em que ele esteve em nossa casamata. 

Gilson Kleina veio para o Palmeiras na metade de setembro de 2012, no lugar do general Felipão e sem nenhum referencial anterior que o credenciasse a assumir um clube de magnitude como o nosso. O destaque que ele vinha tendo era graças à campanha mediana da Ponte Preta, que havia conseguido o acesso para a primeira divisão na temporada anterior e cujo objetivo era apenas não cair de volta.

O restante de 2012
Sem muito a perder, Kleina assumiu o Palmeiras antes do jogo contra o Figueirense, na 26ª rodada. Com 6 pontos atrás do último colocado fora da zona de rebaixamento, a situação era desesperadora, mas nas duas primeiras partidas o time esboçou uma reação interessante, vencendo, jogando bem e dando novas esperanças de que não cairíamos. Simultaneamente, ainda estávamos vivos na Copa Sul-Americana e conseguimos um bom 3 x 1 em cima do Milionários, uma interessante vantagem para o jogo da volta.

Kleina, porém, mostrou ser inapto já em seu primeiro clássico, no qual perdemos por 3 x 0 para o SPFC e no qual ele escalou um time pesado e sem armação. A falta de conhecimento do elenco, somado com os desfalques e com a banda podre baladeira nos jogou em um abismo profundo nas partidas seguintes (derrotas para Coritiba e Nautico). O rebaixamento parecia inevitável naquela altura do campeonato.

Foi ai que ele fez o que todos queriam que o Felipão fizesse: lançou os garotos. João Denoni e Patrick Vieira foram os mais proeminentes. Por mais que eles demonstrassem personalidade e mais futebol do que quase todo o elenco, era tarde demais e a impressão passada é que eles foram jogados aos leões. Até vencemos as partidas seguintes contra Bahia e Cruzeiro, mas sem eles e com uma escalação torta, fomos eliminados de maneira vergonhosa contra o Milionários, na Colômbia. A primeira eliminação dele e por culpa do mesmo, que levou um time desinteressado - só isso explica Daniel Carvalho e Patrik naquela partida. O resultado do fim do ano sabemos: fomos rebaixados com requintes de crueldade e sequer pudemos resgatar um pouco da honra ao sermos eliminados de maneira vexatória no torneio paralelo. 

Fim de ano e depressão completa no Palmeiras. Mais de 20 atletas foram dispensados e apenas 2 contratados. Apesar do perigoso precedente covarde mostrado no jogo contra o Milionários, sabíamos que ele não poderia fazer muito para evitar a queda. A princípio, ele seria o comandante para 2013.

O início de 2013
Com o elenco retalhado e desmotivado, restava fazer omeletes com poucos ovos. Mas mesmo com poucas opções, ele resolvia optar pelas piores escolhas já nos primeiros jogos, como os buracos deixados na defesa, a volta dos atacantes para buscar a bola e com a insistência em Marcio Araújo (que nem deveria estar mais no clube) em detrimento do João Denoni, que havia demonstrado muita qualidade e personalidade nos jogos finais de 2012.

Mesmo assim, sabíamos que o time vinha sendo montados aos poucos e que provavelmente não seria no primeiro semestre que veríamos algum resultado. Com isso, o time foi se acertando gradativamente e, aos trancos e barrancos, conseguiu desempenhar uma campanha razoável no Paulista (apesar do desastre em Mirassol) e bons jogos na Libertadores. 

Infelizmente, as escolhas erradas do treineiro nos deixou em maus lençóis em ambos os torneios. No Paulista, ele insistiu em escalar Wesley fora de posição, jogava geralmente com 4 volantes e a cobertura continuava capenga. Perdemos nos pênaltis para um Santos decadente. 

Na Libertadores a culpa não foi exclusiva dele, afinal, o frango sofrido pelo Bruno implodiu o ânimo do resto do time, mas como treinador, cabe a ele inflamar a equipe para reações. Não aconteceu e era algo que continuou nos incomodando quando a série B se iniciou: o time não esboçava reação. Era sem alma, sem contundência e aceitava passivamente a situação vivida. Uma troca de treinadores na pausa para a Copa das Confederações era mais do que justa: era necessária.

A segunda metade de 2013 – Hoje
E vieram bons reforços pontuais na pausa para o torneio de seleções. Se antes Gilson Kleina reclamava da falta de opções, após a parada ele obteve um leque maior. Infelizmente vimos ele realizar escolhas erradas assim que voltou, ao liberar João Denoni e, principalmente, Patrick Vieira, que é uma opção muito mais aguda do que Serginho, Ronny, Ananias e Felipe Menezes. Acima de tudo, foi uma ingratidão com dois jovens que seguraram um rojão que veteranos não fizeram nos momentos de dificuldade.

Ainda assim, a esperança permanecia intacta para a Copa do Brasil e para o rápido acesso de volta para a série A. E foi ai que os defeitos do treinador ficaram mais evidentes do que nunca.

Saltou de vez aos olhos a insistência em peças que não servem para nada no elenco e que mais soam como provocação a torcida (Marcio Araújo e Juninho), a falta de visão e ambição durante uma partida, esquemas esburacados e a falta de motivação do time em diversos jogos. Isso resultou em uma eliminação dolorida na Copa do Brasil (único torneio que possibilitava disputar a libertadores no centenário) com uma partida extremamente covarde contra o mediano CAP. 

Graças a essa eliminação, o restante do ano está sendo meramente protocolar, para cumprir tabela, já que os times não ameaçam o acesso do Palmeiras. Partidas sem inspiração e sem vontade deram a tônica na maioria das vezes.

Veredicto
Hoje, é quase unanimidade entre os torcedores que Gilson Kleina não serve para o Palmeiras. E não foi por falta de chances. Entendemos que não havia muito a se fazer em 2012 – exceto, talvez, a Sul-Americana – mas em 2013 era para mostrar resultados. As peças foram chegando e o que foi mostrado pouco se assemelhou a um time de futebol. O entrosamento inexiste mesmo com peças jogando juntas a meses e ele não parece nem um pouco inclinado a reverter essa tendência.

Até o final do ano não tem jeito e ele será o treinador do acesso, mas para 2014 um novo técnico tem que ser prioridade nas discussões de planejamento. Outro ano com esquemas covardes, insistências descabidas, com times desmotivados e buracos na defesa, é inadmissível.

Quanto ao Gilson Kleina, aparenta ser uma pessoa trabalhadora e honesta e até por isso o desejo sucesso em sua jornada, mas não serve como treinador de um time centenário e vitorioso como o Palmeiras. As ambições daqui são outras e o trabalho do Kleina não cabe nesse ambiente. 

Portanto, termino o texto com o que falamos há meses: #ForaKleina.

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