Linha atacante de raça, é hora de pressionar a saída de bola

Na postagem anterior abordamos as opções para possíveis esquemas táticos do nosso astuto treinador Gilson Kleina. Se tudo ocorrer do jeito lógico (e não com o 4-3-3 treinado que vem sendo noticiado), o meio de campo será formado no losango 1-2-1 e com dois atacantes na linha de frente. 

Uma qualidade que Gilson Kleina não conseguiu imprimir nesse tempo que ele está no Palmeiras é a forte marcação na saída de bola, que não dá espaço para a defesa do time adversário sair jogando e os forçando a tentar ligações diretas. Os motivos são vários: time a beira de um ataque de nervos em 2012, elenco desfigurado durante boa parte de 2013 e a própria incapacidade do treinador em instalar a mentalidade de adiantar a marcação visando pressionar a saída de bola do oponente. O resultado foi que em muitos jogos tomamos sufoco de times pequenos, especialmente porque a capacidade de marcação dos volantes que deveriam travar o jogo no meio de campo (geralmente Marcio Araújo e Charles) era reduzida. 

Com um primeiro volante com maior capacidade de marcação (Eguren) e o Wesley fazendo um papel polivalente no meio de campo trabalhando como elemento surpresa, cabe a Kleina mudar a mentalidade dos jogadores de frente para que pressionem a saída de bola dos adversários e facilitem o trabalho da defesa. Se formos analisar as características individuais de cada jogador da linha ofensiva, a tarefa é mais difícil. Sinuca de bico para Seo Kleina resolver. Vamos às análises:

Alan Kardec: De longe é o jogador mais voluntarioso da linha de frente. Volta para marcar e ataca com vigor, mas por muitas vezes se sacrifica sozinho na marcação e se perde no posicionamento dentro da área graças às suas voltas para defesa em meio aos sacrifícios. Inteligência tática ele tem, mas é mal utilizada.

Leandro: Tem vontade e geralmente volta para marcar, mas falta inteligência na marcação, cometendo muitas faltas bestas e algumas até violentas. A quantidade de cartões recebidos durante a Série B ilustra essa falta de dosagem na marcação. Foi o jogador mais indisciplinado do Palmeiras na temporada passada e tem que domar essa sede ao pote.

Vinicius: Por ter um porte físico mais forte, sua capacidade de marcação aumenta, mas geralmente não sabe o que fazer com a bola quando a recupera. É um problema, mas fica a esperança de que ele seja a última opção do elenco para essa temporada – ou seja vendido de vez.

Valdivia: O Palmeiras de 2008 tinha a característica de pressionar a saída de bola e Valdivia era parte importante desse processo, já que na época ele era mais novo e tinha o físico em alta. Mas em 2014 ele não tem capacidade física nem para jogar metade das partidas, quiçá para realizar uma blitz no campo de defesa inimigo. Vamos observar como o chileno se porta nas primeiras partidas, mas provavelmente será o único que não marcará no ataque - em metade dos jogos.

Mendieta: No pouco que jogou, mostrou que tem raça e morde o adversário na defesa se for preciso, mas em muitas ocasiões foi engolido pelo sistema ultradefensivo montado por Gilson Kleina. Se entrar como titular, pode ser muitíssimo útil em uma eventual pressão em campos de defesas inimigos.

Patrick Vieira: Ele é rápido e nos jogos que estivemos desfigurados, ele mostrou alguma qualidade de marcação em meio de tanta bagunça. Com o elenco completo e esquema tático definido, ainda não foi observado.

Felipe Menezes: Lento para atacar e lento para defender. Já o vimos perder na corrida para muitos oponentes, logo, não serve. 

Mazinho: Não tinha o hábito de marcar a saída de bola na época do Felipão. Veremos como se sai. 

Os que chegaram agora aparentam serem obedientes taticamente. Cabe a observação em cima desses atletas, em especial o Diogo.

Um time forte tem como característica o sufocar do adversário desde sua raiz, fazendo com que o adversário erre e se intimide, forçando ligações diretas. Especialmente nos jogos decisivos. Foi por aceitar passivamente o ataque dos adversários que fomos eliminados facilmente da Copa do Brasil de 2013 (mesmo com a vantagem), da Sul-Americana de 2012 e também da Libertadores de 2013. O último exemplo no Palmeiras que pressionava fortemente no ataque é o de 2008, que tinha a linha de frente com Diego Souza, Valdivia, Judas30 e Alex Mineiro. O próprio time de Felipão não tinha a característica de pressionar na linha de frente, mas possuía uma defesa sólida (enquanto o time tinha foco) e por muitas vezes se garantiu com isso.

Cabe a Kleina equacionar o problema e saber trabalhar com as características de nossos jogadores atuais, fazendo com que a capacidade de marcação aumente sem sacrificar o esquema tático. Seo Gilso, essa é a sua hora de instalar uma mentalidade vencedora nos nossos jogadores e fazer com que nosso ataque faça jus ao glorioso hino do Palmeiras, que seja uma linha atacante de raça e com qualidade.

Kardec é voluntarioso, cabe ao Kleina encaixar uma blitz nas defesas.
Foto: Rivaldo Gomes/Folhapress

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